P&N – Construção do futuro: é isto ou isto!

“isso de querer ser
exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além” – Paulo Leminski

 Nesta última conversa do ano, gostaria de aplicar energia na construção do futuro. Como articular reflexões e fundamentos no encaminhamento de ações práticas, quando estamos mergulhados em um cenário de extrema complexidade e desafios de toda ordem?

Quando tudo poderia nos levar à impotência, ante as evidências de resultados desastrosos na economia, na política, nas relações ─ tanto no âmbito nacional quanto no internacional ─ e as frustrações com o atual modelo de gestão dos organismos empresariais e sociais, otimista que sou, prefiro acreditar que estamos em um momento de extrema delicadeza: de escolha e decisão de mudança no rumo da evolução.

Daí, entendendo que respostas poderiam simplesmente nos enclausurar e nos tirar a possibilidade de criar saídas inéditas, é imprescindível voltarmos para as perguntas que nos instigam a refletir sobre os talentos que construirão o futuro:

─ Que cenários e que líderes serão capazes de criar condições para que talentos possam emergir e sobreviver?

─ Que tipo de ambiente (de competição? ameaça? de colaboração?) esses jovens talentos preferem?

─ Quais traços culturais constroem sustentabilidade e perenidade?

Alinhar algumas reflexões pode nos indicar alguns caminhos.

Promover as transformações necessárias para atingir o equilíbrio e os objetivos individuais e coletivos, em face do amplo desenvolvimento tecnológico dos últimos anos e dos desafios e incertezas locais e globais, será tarefa de gestores com forte capacidade de liderança analítica, fundamentada em ações éticas; que saibam espelhar a cultura da empresa e sejam verdadeiras fontes de inspiração para os seus colaboradores.

Estratégias e ações que envolvam comunicação empresarial, marketing interno, responsabilidade social, precisam estar coerentes com a diversidade e as características da força humana de cada organização.

É imprescindível, cada vez mais, conhecer o perfil da força de trabalho, no que diz respeito às suas habilidades e competências, para que seja possível desenhar planos de sucessão, direcionar investimentos em desenvolvimento, proporcionar ambientes adequados às necessidades contemporâneas e, por consequência, preservar talentos.

De acordo com o Benchmarking de Capital Humano 2015, a Geração Y ─ ou Geração Milênio (formada pelos nascidos a partir de 1982) ─ já representa cerca de 50% da força de trabalho, na amostra constituída por cento e vinte grandes empresas participantes do estudo, em nosso país (Figura 1).

Sem tiulo

É fundamental, para a construção de ambientes colaborativos ─ em que o mérito de um é resultado da soma dos esforços de todos os membros de uma equipe ─, entender como pensa e o que deseja essa geração.

Mais do que em outros tempos, os empregadores terão de assumir o compromisso de desenvolver culturas inclusivas; ser capazes de atrair e reter pessoas com maior autonomia, flexibilidade, maior liberdade de expressão e senso de responsabilidade, engajadas com resultados individuais e coletivos ─ espírito de equipe; pessoas que, com paixão pelo que fazem, e muita energia, compartilhem conhecimentos, criem valor.

Segundo o NextGen ─ estudo gerencial global da PwC (Figura 2) ─, a Geração Milênio valoriza o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal; e a maioria das pessoas que a compõem não está disposta a fazer do emprego uma prioridade exclusiva, mesmo com a promessa de remunerações maiores, no futuro. Para essa população, que enxerga o emprego como uma “coisa”, não um “lugar”, a produtividade não deve ser medida por número de horas trabalhadas na empresa, mas sim por volume de trabalho concluído.

Sem tiulo

 

Ainda, essa geração dá grande importância à cultura do empregador e deseja um ambiente de trabalho que enfatize a atuação em equipe, o propósito e o senso de comunidade. Quer opinar sobre suas atribuições, seus projetos; contracenar e ser apoiada por suas lideranças.

E é com base na análise de dados ─ ao correlacionar o desempenho da equipe ao resultado do negócio ─ que algumas empresas têm conseguido melhorar os métodos de avaliação sobre o que influencia o potencial da Geração Y e a gestão sobre seus custos variáveis, criando uma força de trabalho mais flexível, dinâmica e engajada, capaz de se adaptar às rápidas transformações exigidas pelo mercado.

Despedindo-me de vocês, ao final deste que foi, sem dúvida, um ano desafiador e complexo, desejo aos profissionais de RH ─ e a todos os que acreditam nas pessoas e se encantam, genuinamente, com elas ─, toda a inspiração para criar estratégias de engajamento e desenvolver, de modo contínuo, uma liderança capaz de engrandecer sua gente; que respeite, considere e saiba aproveitar as diferenças de cada um, em prol de um bem coletivo com real significado.

Que possamos celebrar os últimos dias de 2015 com muita energia, paz de espírito, muito amor… e a convicção de que, juntos, construiremos um excepcional 2016!

Até lá!