P&N – 21 anos de estudo brasileiro: um “legado olímpico” em indicadores em gestão de pessoas e negócios!

No último mês de agosto apresentamos, para as empresas participantes do Benchmarking de Capital Humano, os resultados da edição 2016: o 21º estudo da Sextante Brasil, e o 3º emconjunto com a PwC Saratoga. Tal feito jamais teria se tornado possível, se não tivéssemos contado com a contribuição, substância e determinação dos colegas profissionais de RH de mais de duas mil empresas, que colaboraram com informações de qualidade, nessa longa trajetória. Ao atingirmos a maioridade, nessa edição histórica, nossa base de dados foi ainda maior: a pesquisa contemplou informações de 129 empresas, agrupadas em 12 segmentos econômicos diferentes. Juntas, essas empresas empregaram quase 1,8 milhão de profissionais, com faturamento bruto em torno de R$ 2,4 trilhões,
equivalente a 40% do PIB, compondo uma fonte inequívoca de referências, em uma gama riquíssima de indicadores em gestão de pessoas e de negócios no Brasil, com padrões que permitem comparações internacionais (Figura 1).

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Os resultados da última pesquisa refletem o cenário de crise nacional, na economia e na política, e os consequentes ajustes que tiveram de ser feitos pelas empresas, impactadas que foram, ainda, por um contexto global complexo, de alta velocidade e volatilidade, ameaças aos negócios, crescimento e ampliação de expectativas dos stakeholders, o que tem gerado inovações e transformações profundas em diversos mercados. Este caldeirão de acontecimentos, com suas variáveis e consequências, tem levado os CEOs a uma reflexão e maior consciência de que, por
exemplo, o sucesso dos negócios se definirá por fatores mais amplos do que simplesmente os resultados econômicos e financeiros; de que Tecnologia, Talentos, Inovação, serão aspectos-chaves na construção do tão almejado sucesso, de acordo com a 19ª Pesquisa Global de CEOs, publicada no início deste ano pela PwC, com a participação de mais de 1400 líderes de organizações privadas e públicas, de 83 países. Nesse contexto, a gestão de pessoas tem um papel
fundamental. O ritmo intenso das mudanças causa a rápida obsolescência das competências e a necessidade de se desenvolver uma força de trabalho capaz de se adaptar e inovar continuamente, sendo que 72% dos CEOs globais veem a escassez de competências-chaves como uma das principais barreiras à execução de suas estratégias e ao crescimento dos negócios. Mesmo no Brasil, onde o mercado de trabalho se encontra retraído, 59% dos entrevistados destacaram este aspecto. O estudo de Benchmarking de Capital Humano vem demonstrando nos últimos anos, nas empresas em operação no Brasil, o impacto das megatendências, seja pelas mudanças na
composição dos profissionais empregados, seja pelos ajustes nas políticas e práticas para enfrentar as atuais condições competitivas do mercado e as novas expectativas dos profissionais. Os jovens já representam 31% da liderança; e 3% da liderança executiva (Figura2). Os resultados deste ano reforçam a nossa visão e impõem a
necessidade da competência de RH em liderar um planejamento estratégico de pessoas, para a construção de um futuro sustentável. No curto prazo, o desafio ainda está relacionado ao equacionamento das operações em um ambiente recessivo. A maior parte dos indicadores de natureza econômico-financeira

figura 2

apresentados no relatório demonstrou piora de desempenho, pois, no geral, quase todos apresentaram queda significativa na lucratividade e no retorno do investimento sobre o capital humano, muito embora este cenário varie, de segmento para segmento.
Entre 2008 e 2014, em um cenário econômico favorável, vivemos uma fase de ouro: renda média crescendo, menor índice de desemprego já registrado (4,3%), e inflação controlada. Já a partir do segundo semestre de 2015 fomos, cada vez mais, nos aproximando de um colapso, chegando agora, meados de 2016, a um contingente em torno de onze milhões de desempregados, um milhão de famílias em queda na pirâmide social, novecentas mil famílias reduzindo seu poder de compra, sendo que, destas, 43% estão inadimplentes. Somos cerca de 206 milhões de brasileiros que, todos os dias, temos de nos reinventar, encontrar saídas ante os desafios, enfrentar os problemas como parte integrante de nossas vidas, e nunca desistimos de acreditar em um Brasil melhor no futuro, pois, diante
das adversidades, temos em nosso DNA a força da superação e da esperança! Até mesmo os economistas já veem um cenário mais favorável em 2017, pois acreditam que, com estabilidade política e ajustes econômicos, temos tudo para voltar a crescer.
Sempre acreditei em nossa essência de simplicidade, capacidade de superação, esperança, inovação, desprendimento, desapego, abertura para alianças e parcerias, espírito empreendedor e colaborativo, tudo isto com acolhimento e alegria! E pudemos comprovar todos esses valores, em nossa recente experiência com os Jogos Olímpicos Rio 2016 que, para muito além do esporte, deixaram um legado para o Brasil e para o mundo, integrando-nos no coral dos povos, com nossas idiossincrasias e singularidades.
Em 2009, quando o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar as Olimpíadas, acreditávamos que o País se preparava para crescer 7% no ano seguinte. Expectativas frustradas, neste e em muitos outros sentidos, meses antes do início dos jogos a imprensa estrangeira chamava a atenção para nossas mazelas: o risco do Zika vírus, possíveis problemas de segurança e de infraestrutura. Ao final, no entanto, o saldo desta magnífica experiência foi positivo: construímos uma bela vitrine para o mundo, resgatamos o orgulho por nossa gente, por nossos atletas que, com mínimos
recursos e investimentos, obtiveram medalhas de bronze, prata e ouro; embora muitos tenham vivido na pobreza e na exclusão, com intensa disciplina, dedicação, força de caráter, conseguiram nos fazer emergir do mergulho asfixiante na lama das negociações políticas e empresariais obscuras, e nos relembrar de que somos
um povo de valor!
Nos vinte e um anos de nossa história, acredito termos deixado um “legado olímpico” no que se refere à qualidade e
assertividade na tomada de decisão em gestão de pessoas e negócios, pois evoluímos da Pesquisa de Produtividade em RH, para o Benchmarking de Capital Humano ─ People Analytics, última geração de informações e de inteligência. Nessa jornada, criamos e desenvolvemos cultura de avaliação do ROI no Capital Humano; quebramos paradigmas em RH; formamos massa crítica; sensibilizamos e reunimos empresas concorrentes, preservando
confidencialidade; formamos competência em RH; construímos credibilidade e confiança; formamos base histórica de dados; consagramos imagem de respeitabilidade; deixamos, portanto, um legado de inovação em RH!

 

Rugenia Pomi
CEO Sextante Brasil