P&N –o RH do futuro: mensuração e sensibilidade

“A geração de insights que fomentam a transformação dos paradigmas atuais, em gestão do Capital Humano, certamente passa pela competência em People Analytics!” Rugenia Pomi

Há mais de quatro décadas, nos Estados Unidos, Dr. Jac Fitz-enz, autoridade mundial em ROI ─ retorno sobre investimento ─ em gestão de pessoas, marcava o início de uma jornada para decifrar o “código genético” em gestão do valor humano, tornando-se conhecido como o pai do termo “capital humano”.

Embora seus primeiros estudos publicados sobre este tema tenham causado estranheza e descrença na comunidade de RH, que pensava ser impossível avaliar as contribuições dessa área, Fitz-enz decidiu seguir em frente. E tornou-se pioneiro no desenvolvimento de uma metodologia científica e inédita de mensuração do impacto da força de trabalho nos resultados organizacionais. Com indicadores objetivos, padronizados e conectados às estratégias dos negócios, idealiza e lança o primeiro benchmarking internacional de capital humano.

Àquela época (anos 70), Fitz-enz funda o Saratoga Institute na cidade de Saratoga, Califórnia, primeiro centro de inovação e estudos em gestão de pessoas a sistematizar um processo de obtenção, tabulação de informações e publicação de resultados, tornando-se uma fonte segura de referências nos Estados Unidos e, aos poucos, cria uma rede mundial com geração e compartilhamento de informações sobre o capital humano e intelectual.

Dez anos depois do primeiro estudo anual do Saratoga Institute USA, movidos pelo mesmo propósito, recriamos e lançamos o primeiro benchmarking no Brasil, após a estabilização da economia com o Plano Real, pois a partir daí era possível planejar o futuro. Era o ano de 1995, momento perfeito para trazer a base metodológica desenvolvida pelo mestre Fitz-enz, com a finalidade de “fortalecer a coluna” de RH, interligando mentes, corações e ações em um processo de amadurecimento, evoluindo na busca por produtividade e na inspiração para transformarmos a história do nosso país.

No entanto, obter as informações necessárias para transformar o RH em um centro de inteligência capaz de impulsionar o crescimento da organização, em um país onde a cultura de pesquisas em gestão de pessoas ainda está em desenvolvimento e o nível educacional da população é um tremendo desafio crítico, nunca foi tarefa fácil. Imaginem o desafio de interconectar a “cabeça” de RH, nas nuvens, aos “pés”, no chão!

Desde então, temos trabalhado na expansão da avaliação comparativa das métricas em RH, na capacitação de gestores para interpretação das informações obtidas e na evolução cultural dos organismos sociais em direção à sustentabilidade: equilibrando as ciências matemáticas, as biológicas e humanas ─ razão e sensibilidade ─ indicadores financeiros, de mercado e sociais.

Temos, todos, motivos para celebrar, pois recentemente, em agosto último, nós, da Sextante Brasil, em parceria com a PwC, publicamos o 20º estudo de Benchmarking de Capital Humano em nosso país. Acreditamos que a celebração seja de toda a comunidade brasileira de RH, que já pode contar com o maior banco de dados com informações e referências estratégicas sobre gestão de pessoas e de negócios de um grupo de empresas que representam, em média, 35% do PIB, ao longo dos últimos vinte anos de nossa história.

Nossa percepção é a de que, a cada ano, mais e mais empresas, por meio da consciência e exigência de seus executivos, identificam a necessidade da prática de benchmarking em RH.

O estudo deste ano traz informações consolidadas de 120 empresas, representando 11 diferentes segmentos de indústria; juntas, empregaram mais de dois milhões de empregados, em 2014, e foram responsáveis por um faturamento equivalente a 41% do PIB.

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No atual cenário, os CEO´s já esperam de RH a mesma riqueza na análise de dados — People Analytics — já aportadas em outras dimensões de inteligência de negócios, como, por exemplo, financeira e de mercado.

Cresce, então, a necessidade de investimento em treinamento para utilização de instrumentos estatísticos capazes de tornar simples e visíveis as complexidades dos processos, a gestão dos projetos que trarão inovação e estratégias que possam gerir as mudanças e transformações cada vez mais rápidas e rotineiras, mas nem por isso menos desafiadoras.

Para operar de forma eficaz e ágil em um ambiente de mudanças sequenciais, é preciso aprender e desaprender continuamente.

Faz-se urgente a migração do modelo de escassez para o de abundância; da burocracia para a colaboração. Sair, de vez, da competição predatória; do ego, para o sentido de humanidade. Criar um cenário de liberdade, de desapego, de excelência técnica e humana; um ambiente que estimule a criatividade, a livre expressão que proporcione a aproximação entre as pessoas e a formação de uma equipe rica em diversidade de visões, gêneros, idades, filosofias e culturas. Um mundo organizacional realmente rico, livre de preconceitos, estigmas e estereótipos, que goste de gente com as suas idiossincrasias.

Na próxima edição, traremos os destaques do Benchmarking de Capital Humano 2015, que revelam o impacto do cenário econômico de 2014 nos resultados dos negócios, e possibilitam a análise de possíveis tendências para o futuro das organizações em nosso país.

Bem-vindos ao futuro!

Rugenia Pomi
CEO Sextante Brasil